terça-feira, 23 de novembro de 2010

Poupar e Investir

Poupar e Investir é um novo espaço do “Azoglin”, que se propõe lançar um olhar (descontraído) sobre os instrumentos de poupança e de investimento disponíveis no mercado. Sem entrar em grandes tecnicismos, vamos procurar esclarecer os leitores sobre estas matérias.
Nesta primeira edição, vamos falar de depósitos a prazo. Esta modalidade de poupança é uma das mais conhecidas e utilizadas pelos portugueses.
Comecemos pela definição. Quando constituímos um depósito a prazo, junto de um banco, estamos, na realidade, a emprestar dinheiro a essa instituição financeira. Por esse empréstimo, o banco paga-nos uma taxa de juro. Exemplifiquemos: se depositarmos 1000 euros a uma taxa de juro de 3% (ao ano), ao fim de 12 meses temos 1030 euros, uma vez que 3% de 1000 são 30. Ou seja, o banco pagar-nos-á 30 euros pelos 1000 euros que lhe emprestamos. No entanto, estes 30 euros não ficam todos para nós. Temos de os repartir com o Fisco! Destes 30 euros, 21,5%, isto é, 6 euros e 45 cêntimos, vão direitinhos para os cofres do Estado, sob a forma de impostos. Portanto, os 1000 euros depositados rendem-nos 23 euros e 55 cêntimos (30 – 6,45 = 23,55), ao fim de um ano.

Parece pouco… mas, entre guardar o dinheiro no colchão, ou constituir um depósito a prazo, esta última opção é, sem dúvida, a mais acertada. 
Qual o melhor depósito? Naturalmente aquele que apresenta uma taxa de juro (média) mais elevada. Por conseguinte, antes de emprestar o nosso rico dinheirinho a uma instituição bancária, há que investigar e analisar todas as propostas. O recurso aos sites dos bancos é uma boa forma de desenvolver essa pesquisa. Impõe-se, contudo, alguma cautela, sobretudo com as estratégias de marketing que são desenvolvidas para captar novos clientes. O mais relevante neste apurado trabaficha de informação normalizada do depósito a prazo, que os bancos deverão, por lei, disponibilizar. Desta ficha constam, entre outras informações, a designação do depósito, as condições de acesso, as condições relativas à mobilização antecipada do capital (total ou parcialmente), as condições referentes à renovação do depósito e a eventuais reforços, o montante mínimo e máximo de constituição (que poderá não existir), a taxa de remuneração, a informação sobre como e quando são pagos os juros e o regime fiscal aplicado. Relativamente às taxas de remuneração poderemos ter quatro cenários principais: taxa de remuneração fixa, taxa de remuneração crescente, taxa de remuneração indexada à Euribor (taxa de juro de referência, muito utilizada nos empréstimos bancários) e taxa de remuneração parcialmente indexada à flutuação cambial de uma determinada moeda. Quando temos pela frente uma taxa de remuneração crescente, devemos ter em atenção a taxa de remuneração média. Normalmente, na publicidade é dada muita ênfase à taxa de juro mais elevada. No entanto, durante o período de vigência da aplicação, o nosso dinheiro não é sempre remunerado à taxa mais elevada. Relativamente a um depósito cuja taxa de remuneração esteja indexada à Euribor, temos de estar atentos à flutuação desta última. Se a Euribor for elevada, o que não acontece na actual conjuntura, esta solução poderá ser interessante. No caso de um depósito em que a taxa de remuneração está parcialmente indexada à flutuação cambial de uma determinada moeda, temos de acompanhar o desempenho dessa divisa nos mercados cambiais. Nos tempos que correm, têm aparecido no mercado alguns depósitos de curto/médio prazo, cuja taxa de remuneração está parcialmente indexada, por exemplo, ao desempenho cambial do dólar australiano.
lho de campo, é interpretar muito bem a
Para concluir, convém dizer que os depósitos a prazo, ao contrário de outras aplicações financeiras, constituem soluções de poupança e de investimento praticamente sem risco. Quer isto dizer que a probabilidade de perdermos a totalidade ou parte do capital investido é muito baixa, existindo mesmo um Fundo de Garantia de Depósitos, que garante o reembolso até ao valor máximo de 100.000 euros por depositante e por instituição bancária. Todavia, no plano da remuneração, trata-se de um investimento pouco rentável, sobretudo quando comparado com outras soluções de investimento que asseguram um retorno mais elevado e de que falaremos em próximas edições.
  
Professor da disciplina de Matemática, Pedro Pereira.

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